O amarelo é uma cor tão antiga quanto o Sol. É também uma cor praticamente onipresente. Pode parecer estranho isso. Primeiro porque cores não têm idade ou qualquer coisa que sugira algo como data de validade.
E depois… não há por que se pensar que as cores carreguem em si qualquer propriedade que lhes dê essa atribuição quase transcendente como ubiquidade. Mas algo misterioso assim se passa com o amarelo. Em muitas culturas é uma cor eleita como representante legítima dos que se investem e exercem um poder real: imperadores, reis, sacerdotes etc.
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Olhe para qualquer canto à sua volta e ali encontrará o amarelo em variações de tonalidades, se não como figura, como fundo, a demarcar contrastes e estampar presenças. Mas não são presenças comuns. Elas têm vida própria, indicando tanto o movimento da vida quanto o da morte. Lembra dos girassóis de Van Gogh? Pois é, o amarelo estava lá, com toda a sua dramaticidade, dizem até que era a cor favorita dele, presente em muitas de suas obras bem como em sua vida trágica.
Assim é o amarelo, cor de movimento que já existia na teia da Vida antes mesmo que os humanos chegassem a ela, e segue perseverando, na luz que se desenhou nas mentes humanas e que abranda o terror primitivo da vida consciente; no movimento das almas; nas paredes das pinturas rupestres; nos pigmentos das roupas; nas comidas que nos apetecem; nas camadas sulfurosas das rochas e nas alquimias e fluídos de tudo que é vivo.
É uma cor rica e cativante, irradiando sua presença como nos ipês floridos que anunciam a primavera, ou nos brilhos de ideias novas, sentidos e caminhos desconhecidos. Companheira desde o princípio da vida, inspiradora das coisas animadas que induzem o amadurecimento, mas que também aparece no esmaecimento dos ciclos, quando a vida das pessoas, seus gestos, ações e coisas empalidecem... e seguem amarelecendo.
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